segunda-feira, 22 de junho de 2020

um dia de bibliotecario domestico

Tem dias que a nuvenzinha negra insiste em parar em cima da cabeça da gente...grrrrrr

Semana passada, em um de meus clientes para quem organizo bibliotecas particulares, deu uma zica razoável. Muito pra cabeça de um simples bibliotecário empreendedor como eu. Em primeiro lugar, esqueci a fonte do lap treco em casa. Já é de lascar. Bom, fazer o quê, pensei, vou trampar até acabar a bateria, se os anjos ajudarem, por duas horas, e depois volto de Pinheiros a Cotia para buscar a fonte. Não, pensei "melhor", fico quietinho aqui e anoto meus 50 livros na mão e depois passo pro PHL em casa...Não deu alguns minutos e poimmm, acabou a bateria. Bom, pra quem ja planejou tudo, era só começar a anotar...papel e caneta na mão e vamoS nessa. Quando tinha anotado uns 30 livros me deu um estalo. Quem sabe a empregada não me ajude. Se a fonte do lap top do dono da casa for igual á minha, to feito!Dito e feito, êitcha, que alegria. Mas, alegria de pobre dura pouco. Computador ligado, notei que o phl não abria nem que a vaca tussisse. Meu, que desgraça para um trabalhador bem intencionado...pior que acabar a luz na lan-house. Mas, como dizia a historia de Josef Climber, "a vida é uma caixinha de surpresas" e Rudi Climber não desiste. Anotei os códigos dos 20 livros que faltavam em MARC 21...é meus amigos, sofrer aprendendo tem suas vantagens. Não exitei, fui anotando tudo num MARC resumido e acabei meu dia ao menos com os registros. Cheguei em casa com raiva do PHL. Meu, que programinha traiçoeiro...meu problema continuava. Eu tinha que chegar em casa e, além de fazer o phl funcionar no lap top, ainda registrar tudo o que tinha anotado. Em resumo, trabalhei até meia noite para colocar tudo em dia. O PHL demorou para entrar nos eixos.Foi um programa de edição de audio que instalei para converter k7 em mp3 para um outro cliente que deu conflito só e tão somente com o phl. Tive que desinstalar. A novela não acabou por ai. Na outra terça feira, eu ja tinha feito o PHL funcionar no lap e tava bem tranquilo. Fui para o meu dia no mesmo cliente. Quando cheguei ao apartamento e abri o lap, quem disse que o PHL abria, nem com raios e trovoadas...Passei até a uma da tarde tentando fazer o phl voltar a funcionar. Tive que anotar nos 50 livros da semana anterior os numeros a lapis de assunto, autor e tombo que deviam ter sido anotados no dia da catalogação e ainda fazer os meus 50 livros do dia. Foi uma correria que deu dó e ainda terminei o dia me devendo 15 livros que vou ter que fazer num outro dia em que eu tiver mais sorte.Este é só um episódio da minha nada mole vida de bibliotecário doméstico.

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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Um Rei na Rua

Senta que la vem a historia( só pra quem lê mais de 3 linhas)
Alguns apostam que sairemos dessa melhores do que entramos. No entanto tem supermercados aumentando o preço das coisas. Para "compensar as perdas". Venderam caminhões antes do tempo e agora que o consumidor demora a voltar eles acham que tem que compensar as perdas inflacionando. Será que os donos aprenderão algo mesmo? Ganhar em cima de oportunismos de ocasião eles ja sabiam. Tipo "vender cerveja mais cara nas proximidades do carnaval." Talvez eles aprendam a comprar mais alcool gel e mascaras antes de uma pandemia anunciada. Talvez nós é que deviamos aprender a substituir coisas caras e deixar nas prateleiras os produtos com preços abusivos. Dizem que se nada aprendermos com essa primeira onda viral, se não aprendermos o amor e a solidariedade,  virão outras ondas de coisas ruins até que todos mudemos nossas vibrações e aprendamos o amor e a solidariedade. Mas fico pensando no Davi. Quem vai dar um emprego a ele e tira lo da rua?  Mas, quem é o Davi? Certo dia tive que comprar fio 10 para fazer a ligação elétrica de casa. Precisei de um rolo de 100 metros pois a distância aqui do poste até a casa é grande. Comprei na Santa Efigênia , lugar onde achei mais em conta. Eu estava organizando uma biblioteca na Santa Cecilia e achei que era perto para ir a pé até la. Comecei a andar com aquele rolo de fio que pesaba 10 kg mais ou menos. Quando cheguei na av. São João o rolo ja pesava uns 50 kg.  E eu sabia que ainda estava muito longe. Não quis pegar um taxi pois minha economia na compra poderia ir por água abaixo. Mas estava mesmo muito penoso e dificil de carregar um pacote roliço e pesado. Olhei para o outro lado da Rua e avistei um moço negro. Empurrando um carrinho de supermercado e recolhendo papelão. Pensei..."Estou salvo !" e não me enganei. Ofereci ao rapaz mais do que ele ganharia num dia inteiro catando papelão pra ele por o rolo de fio naquele carrinho e me acompanhar até onde eu ia e ele topou. Achei aquela oportunidade maravilhosa para conversar com um morador de rua e fomos conversando o caminho todo. O Davi perdeu o rmprego havia um mês por cortes na empresa. Nao conseguiu pagar o aluguel e foi despejado. Desde então passou a morar na rua. 
-Mas e quando chove Davi, como você faz? Perguntei. 
- Eu fico num lugar debaixo do viaduto, la não chove .  
-Mas Davi, você consegue dormir mesmo com medo de ser atacado durante a noite?
-Dormir mesmo, só durmo direito quando consigo albergue, mas isso nao é todo o dia. 
Mas com fé em Deus vou conseguir um trabalho novamente. 
Quando  ele disse isso passavamos pela ciclovia embaixo do viaduto minhocão. Ele apontou uma empresa revendedora de bebidas e agua que ficava do outro lado da rua. 
-Tentei trabalhar ali, ele disse. Eles te dão a bike para vc entregar água ou bebidas. Mas como nao tenho comprovação de endereço não me dão o emprego. 
Eu comigo pensava...o que eu na minha insignificância nesse mundo, poderia fazer para ajudar o Davi?  Mas a resposta não vinha. Dai pensei. A única coisa que posso lhe dar são algumas palavras de conforto e esperança. Talvez, só por alguem conversar com ele, já o faça se sentir melhor, menos excluido. Então eu contei-lhe como um desejo ardente é possante e milagroso. Coisas que me aconteceram quando eu desejei muito e persisti no meu objetivo. Como eu que morei a beira de uma favela quando jovem e que tinha menos grana que um favelado sonhei em ir para a inglaterra e consegui ir e morar la 2 anos. Como eu consegui construir minha casa ganhando salário minimo. E como comprei meu primeiro carro quando isto seria impossivel a quem sustentava uma família com um empreguinho qualquer. E como eu entrei na usp depois dos 40. 
Davi, eu disse, essa é a unica coisa que posso te dar de valiosa  e ninguém poderá te roubar.A certeza de que um desejo ardente e forte, acompanhado de visualização mental daquilo que você quer e empenho nas oportunidades que certamente aparecerão,  tem o poder de transformar sua realidade meu irmão. Foi assim que eu consegui tudo o que eu tenho. Que não é muito, mas que eu valorizo  porque sei dos pequenos milagres que tiveram que ocorrer ao longo do meu caminho pra eu chegar até aqui. Eu hoje nada posso te dar além de um trocado por me ajudar e creia sua ajuda foi uma salvação para o meu dia. Mas pensa nas coisas que eu te falei. Mantenha o foco no que você mais deseja no momento, visualise todos os dias o seu tão sonhado emprego. Se veja entrando na empresa e pegando a bike de entrega. E almoçando num lugar decente no seu primeiro dia de trampo.  E de como você já é feliz por ter conseguido virar o jogo. E eu te garanto que as oportunidades vão aparecer. 
Nisso, chegamos ao lugar que eu ia. Pensei em manter contato para ver o que mais eu poderia fazer por ele, mas como? Ele não tinha endereço nem telefone nem nada. A única coisa que pude fazer pelo Davi foi agradecer por sua ajuda, Pagar pelo trabalho e pedir ao mestre Jesus que o acompanhasse como tem feito comigo pelo meu caminho.  Dai o perdi na multidão.  Espero que ele ja tenha conseguido seu emprego. É um menino bom. Durante nossa conversa mostrou que muitos que estão na rua, la estão  pelos reveses que a vida trás. Se algum de vocês encontrar o Davi pelas ruas, não deixem que minhas palvras de esperança tenham sido em vão.  Talvez vocês possam ajuda lo melhor do que eu consegui.